TELENORDESTE - Assistência médica especializada na região Nordeste do Brasil por meio de Telemedicina
O acesso de pacientes aos diferentes pontos de atenção à saúde é desafio posto aos principais Sistemas Universais, sobretudo para países em desenvolvimento. Para que este acesso, entretanto, promova a eficiência do Sistema e permita melhores desfechos clínicos a suas pessoas usuárias, é necessário que seu ponto de primeiro contato, materializado nos serviços de Atenção Primária, atue como filtro resolutivo, evitando o encaminhamento de ao menos 80% de suas consultas realizadas e traduzindo as necessidades complexas de pessoas nas demandas explícitas de cuidado a que as RAS terão de atender. Em cenário contrário, a baixa resolutividade e ausência de mecanismos de coordenação do cuidado pela APS, com o desproporcional aumento da oferta de consultas em serviços ambulatoriais especializados para atender a uma demanda não qualificada, causam uma disfunção dos níveis primário e secundário, resultando hiperutilização de toda a Rede, com superlotação de urgências e emergências e alta procura por serviços de pronto atendimento.
O cenário de oferta de consultas especializadas complexifica tal fenômeno, especialmente pela distribuição e fixação de médicos em seus territórios. Em 2020, o país contava com 478.010 registros médicos ativos, correspondendo à razão de 2,27 médicos por mil habitantes. O Sudeste consolida-se como região com maior densidade de médicos por habitante, razão de 3,15, contra 1,69 no Nordeste. Nos estados do Nordeste, o estado da Paraíba tem a maior razão, de 2,04 médicos por habitante, e o estado do Maranhão a menor, 1,08. O cenário de referenciamento para a AAE, marcado pelo acúmulo de condições clínicas sensíveis à APS, cujo cuidado territorializado poderia ser assegurado, bem como pela baixa qualificação nos registros de informação e dados para este referenciamento, acaba por gerar pressão assistencial sobre os serviços ambulatoriais sem respaldo na demanda expressa por cuidado, antes apenas nas demandas burocráticas e impessoais frequentemente registradas nos sistemas de regulação, fazendo com o que o sistema de referenciamento e contra-referenciamento seja ineficiente, ainda mais considerando-se a distribuição de especialistas focais na região Nordeste, marcada por uma razão entre especialistas e generalistas de 1,25, só não menor do que a razão para a região Norte.
A integração das Redes de Atenção à Saúde, com maior vinculação entre especialistas focais e médicos de família e comunidade ou generalistas, compõem, neste contexto, um dos desafios para aumento da resolubilidade clínica, sobretudo considerando-se as condições crônicas não agudizadas complexas e altamente complexas. Propostas, como a Planificação da Atenção à Saúde e projetos que lhe são derivativos, como Planifica SUS, têm buscado incidir nesta realidade, promovendo o MACC como estratégia para reorientação da coordenação de cuidado e efetivação das redes.
Compondo este enfrentamento, iniciativas em telessaúde podem reduzir desigualdades no acesso, ampliar a qualidade dos serviços e torná-los mais eficientes, impactando também na satisfação das pessoas usuárias, fortalecendo toda a RAS do SUS. A telessaúde utiliza-se das Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICS para a prestação de serviços à distância e compartilhamento de informações e conhecimentos, prevendo alta escalabilidade e resolubilidade como resposta aos problemas de provimento de profissionais, sobretudo em áreas de difícil acesso. Acumulando a possibilidade de qualificar os desfechos de consultas realizadas pela APS por meio de teleinterconsultas, modelo que tem demonstrado reduzir o tempo médio de espera e evitado 40% dos encaminhamentos presenciais, e de acessar o paciente para estratificação de seu risco e oferta de conduta clínica, o Projeto TeleNordeste busca consolidar-se como estratégia de fortalecimento da Governança de Saúde local e desenvolvimento de Sistemas Logísticos e de Apoio que atuem como trama de sustentação para que profissionais de saúde desenvolvam continuamente competências e habilidades na coordenação de cuidado de seus pacientes, reconhecendo as soluções digitais como ferramentas indispensáveis para a prática, efetivando as linhas de cuidado para cada território, independentemente do nível de atenção à saúde em que se encontre ao longo de seu deslocamento pelo Sistema.
Introdução
Com base neste contexto, o TeleNordeste visa viabilizar a implantação faseada de teleinterconsultas, conectando teleconsultores especialistas, equipes de saúde da família e pacientes dos territórios em mesmo ambiente virtual, para que possam ser executadas teleinterconsultas dedicadas à gestão da condição de saúde. O Projeto de Apoio permitirá não apenas o aprimoramento do desfecho clínico para condições crônicas selecionadas, impactando diretamente o cuidado das pessoas usuárias das Redes de Atenção locais, como atuará desenvolvendo o repertório assistencial dos profissionais beneficiados pela intervenção.
Será através da promoção da integralidade, da continuidade e da coordenação do cuidado por meio deste apoio às equipes de Estratégia de Saúde da Família, melhorando o repertório de cuidado, a resolutividade e a decisão no encaminhamento de condições clínicas prevalentes nas regiões atendidas, que o TeleNordeste contribuirá para o fortalecimento do Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), integrando a APS e a Atenção Ambulatorial Especializada (AAE).
Busca-se, assim, ofertar ao Sistema Único de Saúde tecnologia que permita aumento da oferta de consultas especializadas, diminuindo o tempo de espera a partir do uso de teleinterconsultas, além de melhorar a qualidade da assistência e a satisfação do usuário. Tecnologia que também colabora para diminuição de custos no SUS evitando consultas presenciais desnecessárias, bem como o deslocamento de pacientes.
Objetivos do Plano Nacional de Saúde aos quais o projeto se vincula:
• Objetivo 01. Promover a ampliação e a resolutividade das ações e serviços da atenção primária de forma integrada e planejada.
• Objetivo 02. Promover a ampliação da oferta de serviços de atenção especializada com vista à qualificação do acesso e redução das desigualdades regionais.
• Objetivo 04. Fomentar a produção do conhecimento científico, promovendo o acesso da população às tecnologias em saúde de forma equitativa, igualitária, progressiva e sustentável.
• Objetivo 07. Aperfeiçoar a gestão do SUS visando a garantia do acesso a bens e serviços de saúde equitativos e de qualidade.
Políticas públicas vinculadas:
• Política Nacional de Atenção Básica.
• Política Nacional de Informação e Informática em Saúde.
Métodos
Considera-se como teleinterconsulta a ser executada pelo Projeto a conexão síncrona por meio de videochamada entre teleinterconsultor, profissional da equipe de saúde da família e usuário beneficiado, buscando ofertar cuidado para condição clínica selecionada, mas de forma centrada na experiência da pessoa. As condições clínicas serão definidas em conjunto com as Regiões de Saúde em que o Projeto atuará, considerando-se linhas de cuidado previamente disponibilizadas pelo Ministério da Saúde ou pelo processo de Planificação de Atenção à Saúde proposto pelo CONASS.
O projeto será dividido em três fases, consistindo em:
1. Ações preparatórias: Adesão das Secretarias de Saúde e seleção das regiões e territórios em conjunto com CONASS e MS, diagnóstico situacional das UBS e Equipes de Saúde da Família, adaptação de diretrizes clínicas sensíveis às redes locais, com base nas orientações de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) desenvolvidos pelo MS, e assinaturas dos acordos de cooperação.
2. Implementação do projeto: treinamento das equipes para utilizarem os instrumentos para realização das teleinterconsultas e início das atividades de teleinterconsulta.
3. Monitoramento e avaliação: Monitoramento dos indicadores do projeto, frente às metas estabelecidas, e elaboração de estudos científicos e disseminação dos resultados.
Os resultados esperados são disponibilização e adesão das teleinterconsultas pelos profissionais das equipes; adesão às diretrizes clínicas; resolutividade das teleinterconsultas, visando a redução de consultas presenciais; fortalecimento do autocuidado apoiado nas teleinterconsultas; e ampliação da oferta de teleinterconsultas por condições clínicas.
Equipe
Liderança
Coordenador de Projetos - Rafael Saad Fernandez
Equipe
Analista Administrativo - Gabriel Pasqualini
Analista Administrativo - Iago Ferreira
Analista Administrativo - Letícia Blanco
Coordenadora Assistencial - Ludmila Guimarães
Coordenadora Médica - Mônica Molina
Assessoria Técnica Médica - Marcus Zuanazzi
Enfermeira - Juliana Grazina
Enfermeira - Juliana Oliveira
Analista Administrativo - Thais Kajitani
Analista de BI - Vivian Balan
Colaboração
Área Técnica